A anomalia de Pelger-Huët (APH) é uma doença hereditária em que ocorre falha no desenvolvimento celular de granulócitos (células brancas de defesa), especialmente os neutrófilos. Essas células sofrem alterações morfológicas, mas a anomalia não altera o seu funcionamento e elas continuam atuando na defesa do organismo. Sua ocorrência é ocasional e considerada benigna, ou seja, gera pouca ou nenhuma consequência para o indivíduo portador. É uma doença descrita em humanos, cães, gatos, equinos e coelhos, tendo caráter genético.
A anomalia muitas vezes é diagnosticada quando o paciente realiza exames para outra afecção, em que a alteração morfológica é então detectada e persiste em todos os exames seguintes, mesmo quando aquela condição clínica que levou o animal ao atendimento já foi tratada e curada. Basófilos, eosinófilos, monócitos e, principalmente, neutrófilos vão possuir núcleo não segmentado ou hipossegmentado, ou seja, com divisão incompleta e aspecto celular de “amendoim” ou “ferradura de cavalo”.
As raças de cães em que mais se encontra a APH são: Blue Heeler, Border Collie, Boston Terrier, Cocker Spaniel Americano, Cocker Spaniel Inglês, Pastor Alemão, Samoieda e mestiços. Em felinos, os relatos são mais escassos e a alteração é vista nos gatos de pelo curto em geral. Outros dados epidemiológicos não mostram relação da doença com o sexo ou associação com outros fatores.
A conclusão diagnóstica pode levar meses, pois é necessário excluir qualquer causa infecciosa para a alteração celular morfológica, uma vez que esta alteração também está presente nos processos infecciosos. Após essa exclusão e manutenção da alteração em exames sucessivos, sem sinais clínicos, confirma-se o diagnóstico de APH.